One day a dream, another day an obsession — Confessions of a Social Entrepreneur #1

Below you can read it in Portuguese

The social entrepreneur belongs to a breed of people who are driven by an ideal. Some think that people with ideals are only in politics, but that’s not true. Entrepreneurs too, and I’m talking about the ones I know best, the social ones, who believe in a world that doesn’t yet exist. They have an idea of ​​what we need to do to get there, and they are trying. They try, fail, experiment, win and lose, while the rest think that it will never work.

They believe in crazy things like ending injustice, promoting fundamental human rights for all human beings, protecting all forests, seas, and mountains from external threats, and so on.

But believing is related to hope and that is not rational. It is something that comes from within and has an external force that very few know how to explain.

The idea, the implementation, the result is a path to reach the end. That’s what we all have our eyes on. The ultimate change we are hoping to see, although we know it is unlikely to happen.

But we know even when it seems like nothing is happening, in the big picture things are moving. And that’s what we focus on.

In the vision and hope that things can actually be different.

And this becomes a mission, more than a job or a form of subsistence. The mission lives within us and that is what keeps us going.

There are thousands of inspiring missions that can make us believe that human beings are good after all. I don’t need you to convince me because I have witnessed this time and time again.

To me, it deeply angers me that our society does not value people who appear fragile. It angers me that society looks with disdain and pity at those who live in the shadows. I find it outrageous that society is obsessed with the way a person presents themselves, rather than who they really are. I am repulsed by the arrogance of those who think they know more and have more. It angers me that we lack the will and capacity to create a space where everyone can be seen and valued for who they are and their potential to help transform the world.

So this has become my mission:
To change the perspective on how society sees, embraces, and values those who are changing the world from the shadows (the underdog entrepreneurs; support staff in organizations; volunteers; caregivers; community organizers; artists and creators; unsung healthcare staff; farmers; so many more…).

This has become who I am today. I am this in every second of my life. In what I think, in what I read, in what I say, in whom I speak with, in what I do, and why I do it.

The driving force is overwhelming.

My path is created every day, iterating the processes to bring me closer to the world I have always dreamed of.

When I was 8 years old, I saw Vanda, a girl in my class: shy, calm, and smiling. Her gentle and cheerful personality was hidden in her colorful rose-patterned dress.

With a poem I wrote, I told her “I see you and I appreciate who you are.”

So I dreamed of a world where we all can see the other through his/her own lenses, within their own world.
I imagined and I saw it. Outside of myself, without shape or form, how the world could transform. And so I began to walk…with little direction, exploring the path, not knowing what I wanted to find.

I didn’t know what I was looking for; it was as if there was a constant fog where I just followed the rays of the sun. And I believed that behind this great cloud, there was always something waiting for me — my purpose.

As the dear poet António Gedeão says,

“They do not know, nor do they dream,
That dreams command life.
That whenever a man dreams,
The world leaps and advances.”

(PT)

O empreendedor social pertence a uma estirpe de pessoas que é movido por um ideal. Há quem pense que as pessoas com ideais estão apenas na política, mas não é verdade. Também os empreendedores, eu falo dos que conheço melhor, os sociais, acreditam num mundo que ainda não existe. Eles têm uma ideia do que é preciso fazer para chegar lá.
Eles tentam, falham, experimentam, ganham e perdem, quando todos dizem que nada vale a pena.

Eles acreditam em coisas loucas como acabar com injustiças, promover os direitos humanos fundamentais a todos os seres humanos, proteger todas as florestas, mares e montanhas de ameaças externas, e aí por diante.

Mas acreditar, está relacionado com a esperança e isso não é algo racional. É algo que vem do interior e que tem uma força foraz, que muito poucos sabem explicar.

A ideia, a implementação, o resultado, é tudo um caminho para chegar ao fim. É nisso que todos nós temos os olhos. Nós sabemos mesmo quando parece que nada está a acontecer, na big picture as coisas estão-se a mover. E é nisso que nos focamos.
Na visão e na esperança que as coisas podem ser realmente diferentes.

E isto torna-se numa missão, mais do que um emprego ou uma forma de subsistência. A missão vive dentro de nós e é isso que nos faz caminhar.

Há milhares de missões inspiradoras que nos fazem acreditar que afinal os seres humanos são bons. Eu não preciso que me convençam porque já o testemunhei vezes sem conta.

A mim, revolta-me profundamente a sociedade não valorizar as pessoas que aparentam fragilidade. A mim, revolta-me a sociedade olhar com desdém e pena para as pessoas que vivem nas sombras. A mim, revolta-me a sociedade ficar deslumbrada com o modo como uma pessoa se apresenta, em vez de quem realmente é. A mim, revolta-me a arrogância daqueles que acham que sabem e têm mais. A mim, revolta-me não termos a vontade e a capacidade para criar um espaço em que todos possam ser vistos e valorizados por aquilo que são e como cada um é necessário para transformar o mundo.

Então, essa tornou-se a minha missão:
Mudar a perspetiva de como a sociedade vê, acolhe e valoriza quem vai mudando o mundo nas sombras.

E isto tornou-se quem eu sou hoje. Eu sou isto em todos os segundos da minha vida. No que penso, no que leio, no que falo, com quem falo, no que faço e porque faço.

Esta força motriz é avassaladora.
E o meu caminho vai-se fazendo todos os dias, iterando os processos para que me aproxime do mundo com que sempre sonhei.

Quando eu tinha 8 anos eu vi a Vanda: tímida, calma e sorridente. A sua personalidade meiga e alegre, escondia-se no seu vestido colorido de rosas.

Com um poema que lhe escrevi, eu disse-lhe “eu vejo-te e aprecio-te”.

Foi aí que começou.

Eu sonhei com um mundo em que todos temos a capacidade de ver o outro através das suas lentes, dentro do seu próprio mundo.
Eu imaginei e vi. Fora de mim, sem forma ou formato, como o mundo se poderia transformar.

E então comecei a caminhar… com pouca direção, experimentando o caminho, sem saber o que queria encontrar.

Não sabia o que procurava; era como se houvesse uma neblina constante onde eu apenas seguia os raios do sol. E eu acreditava que por trás dessa grande nuvem havia algo à minha espera, o meu propósito.

Como diz o querido Poeta António Gedeão:

“Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança”

Patricia Assis