E para ti, o que é o Amor?

Patricia Assis
5 min readOct 15, 2019

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O ser humano é formado por um conjunto de crenças que criam a realidade, controlam as nossas ações, comportamentos e potencial — as crenças dão-nos um sense of reality e dizem-nos como o mundo funciona. O sistema de crenças de cada um (culturais, familiares, etc..), assim como as ideias, sentimentos e relações, demonstram a diversidade do grupo. Parece que estamos artificalmente divididos por crenças. Mas hoje a ciência diz — tudo no universo está ligado. No entanto a crença da humanidade diz o contrário.

E esta diversidade esconde a unicidade de cada um…

A essência da unidade do espirito humano parece estar mais além.

Nós seres humanos procuramos satisfazer as nossas necessidades. Sejam elas biológicas, materiais, emocionais ou espirituais.

Que crenças vivem dentro nós que nos ajudam a satisfazer essas necessidades?

Na minha crença de co-existência com os outros, o resultado das nossas ações não nos afecta apenas individualmente. Faz-me então pensar, que sentimentos provoco nos outros mediante as minhas decisões? Dor ou alegria? Bem-estar ou desconforto?

Na minha interação com o mundo, de que forma colaboro para o desenvolvimento da humanidade? O que digo, como digo e o que penso. O que faço, no que acredito e como o expresso. Faço em amor ou em medo?

A nuance do amor, que nos leva a um lugar mais pleno, honesto e paciente. O espaço do medo que nos faz sentir ânsia, inseguranca e poder . Qual deles alimento?

A decisão insconsciente entre o amor e o medo influencia o desenvolvimento do potencial de cada índividuo.O medo por um lado leva à opressão, à injustiça e à dúvida.

O amor por outro, gera um sentimento de segurança que facilita a tomada de decisões, inovar e mudar muitas vezes o curso da nossa vida.

Às vezes olho para o amor como um sinal de esperança. A esperança de um futuro melhor

Somos nós conscientes dessas nuances na tomada das nossas decisões?

O sistema de crenças é vasto e complexo e há um conjunto de áreas interessantes para estudo:

Qual é a minha crença em relação ao dinheiro? E o trabalho?

Qual a importância da saúde para mim? E como a expresso?

O que é para mim a família? E os amigos?

Qual é a minha definição de tempo?

E de amor? O que é o amor para mim?

O Amor, força motriz do Universo, apesar de cantado pelos poetas, está para além das palavras, apesar de pensada pelos filósofos, está para além dos conceitos, apesar de omnipresente nos discursos religiosos, está para além das religiões…no entanto dos sete biliões de seres humanos que habitam neste momento o nosso planeta, acredito que não há um único homem ou mulher que não tenha tido sido, alguma vez na sua vida, atravessado pelas suas correntes doces e insinuantes, violentas e sublimes. Que adolescente ignora o seu canto irresistível? Qual a mãe que desconhece a sua inocência e a sua pureza? Que amigo não experimentou a doçura da amizade? E os amantes ardendo silenciosamente no seu fogo?

Sim, o Amor incaptável nas palavras dos poetas, arisco dos conceitos, mas entregando-se a todos. Misterioso, generoso, levando a cada alma o segredo da nossa humanidade.

Mas como pode algo assim tão sublime e nobre manter a sua pureza quando recebida pelas nossas mãos inconstantes e inseguras? Mãos tantas vezes mais habituadas a receber do que a dar, algumas vezes mesmo a retirar empregando a força, mãos que se fecham desesperadamente ou que se abrem apenas por cálculo…Será possível sentir toda a força do Oceano quando o reservatório é do tamanho de uma concha?

Por isso é urgente que construamos um reservatório do tamanho da nossa humanidade para que recebamos Oceano do Amor no nosso ser íntimo e possamos experimentar toda a sua feroz doçura, libertando-nos das crenças-fronteiras que nos desanimam, entregando-nos ao outro sabendo-o ouvir com autêntica atenção, interessando-nos pela sua história pessoal que é a sua verdadeira vida, saber aceitá-lo, sem afectação ou paternalismo, simplesmente aceitá -lo pelo que é.

Cada homem é um universo em dimensão reduzida, aceitá-lo é simplesmente aceitarmos-nos também. É aceitar que fazemos parte de um grupo, o grupo da espécie humana. E assim, abrindo uma grande fenda dentro nós mesmos para receber o Oceano do Amor, nos podemos transformar verdadeiramente e possibilitar a transformação do outro. Ultrapassaremos barrreiras outrora inultrapassáveis. E para isso não precisamos de ser um Buda ou Cristo. Nós, pessoas simples, podemos conter esse Oceano, podemos abrir as mãos, bastando-nos ser nós próprios, generosos, de boa cara, de palavra gentil e gesto afável, atentos ao sofrimento do outro e à sua desorientação, à sede de um simples sorriso de quem vive nas salas escuras da solidão. Acredito que assim que a força transformadora do Amor abandonará os palácios requintados da retórica e far-se-á conhecer na sua simplicidade e no seu esplendor.

Mas não sou ingénua. Sei que o egoismo e a maldade existem. Mas só aparentam um tamanho desmesurado devido à passividade daqueles que se acham únicos no mundo, separados uns dos outros por mil crenças que receberam sem questionar. As crenças, que separam e dividem - a descoberta mais genial do egoismo e da tirania, seguro de vida para quem faz da exploração e da opressão um modo de vida. Mas as crenças não são unicamente um sistema feito para uso do tirano, no seu uso quotidiano tem as feições de Dogma, inquestionável e absoluto, terreno seguro no qual repousa o Ego, o seu escudo, a sua muralha. Daí a violência com que o dogma responde à dúvida e ao questionamento: trata-se da sua sobrevivência que está em jogo. Mesmo esses dois grupos (os tiranos e os dogmáticos) apesar de muito dificilmente penetráveis, em raras, rarissimas ocasiões, abrem as mãos e aprendem aceitar outras verdadades e a doarem a pureza que perderam muito cedo. Haverá alma humana tão dura, mesmo a do tirano mais enrijecido, mesmo a do dogmático mais enfeitiçado pelo seu ego, que não permita abertura de um pequeno feixe por onde possa entrar a tímida luz do amor no momento em que o sofrimento o visita?

A nossa essência pode emanar amor. Manifesta-se na ação. O mundo capta e isso transforma.

Conectemo-nos na vulnerabilidade.

Partilhemos dúvidas e entendimentos. E que somos assombrados por questões ao qual nunca saberemos responder.

E eu, num ápice de esperança, pergunto-me — Patrícia, que posso eu fazer?

Confrontar-me com as minhas crenças enquanto me entrenho no húmos das crenças do outro.

Reflectir sobre o que senti.

E agir em solidariedade e conformidade com a crença que apesar da natureza efémera daespécie humana , estaremos hoje e sempre ligados pela eteréa arte do Amor.

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Written by Patricia Assis

I am traveler, wanderer, believer who have a deep connection with the inner world.

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